Ação foi deflagrada nesta quinta-feira (5) em Arembepe, na cidade de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS).



Uma operação deflagrada contra envolvidos no assassinato dos irmãos Daniel e Gustavo Natividade, músicos do bloco afro Malê Debalê, prendeu seis suspeitos nesta quinta-feira (5). A ação foi executada em Arembepe, distrito litorâneo de Camaçari, cidade da Região Metropolitana de Salvador (RMS).

Conforme divulgou a Polícia Civil (PC), cinco homens tiveram mandados cumpridos e o outro foi flagrado comercializando drogas na localidade, que é um importante destino turístico da Bahia, na famosa Linha Verde. A atuação dos cinco investigados não foi detalhada, assim como a motivação do ataque, que deixou outras duas pessoas feridas. [veja detalhes abaixo]

Batizada de "Operação Esganar", a ação segue em andamento, com o objetivo de cumprir mandados de prisão temporária , busca e apreensão contra o grupo. Segundo a polícia, os suspeitos atuam principalmente nos arredores da Aldeia Hippie e no local conhecido como Sangradouro.

Aldeia hippie de Arembepe, no litoral norte da Bahia — Foto: Gabriel Gonçalves/G1 Bahia

Aldeia hippie de Arembepe, no litoral norte da Bahia — Foto: Gabriel Gonçalves/G1 Bahia

Além da ligação com as mortes dos irmãos, ocorridas em outubro deste ano, após uma foto com sinais que podem ser confundidas com gestos de facções, as investigações apontaram ainda o envolvimento do grupo criminoso em um triplo homicídio ocorrido em outubro de 2023, em Camaçari. [relembre o caso abaixo]

Entre os investigados, a polícia destaca Djavan Santos Conceição, mais conhecido como Edcity, que é apontado como líder do grupo criminoso. Atualmente, ele segue preso em Cuiabá (MT), após ser capturado em novembro deste ano, durante uma operação da Polícia Federal (PF).

Irmãos percussionistas do Malê Debalê morrem após ataque a tiros com quatro pessoas baleadas na Bahia — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Irmãos percussionistas do Malê Debalê morrem após ataque a tiros com quatro pessoas baleadas na Bahia — Foto: Reprodução/Redes Sociais

A operação mobilizou 27 equipes da PC, coordenadas pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), com o apoio da Coordenação de Operações e Recursos Especiais (CORE), da 26ª Delegacia Territorial (DT/Abrantes), da Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes (DTE/Salvador) e do Departamento de Inteligência Policial (DIP).

A ação também contou com cinco equipes da Polícia Militar (PM), subordinadas ao Comando de Policiamento da Região Metropolitana (CPRM/RMS), que atuaram na contenção e na segurança em pontos estratégicos.


Operação prendeu cinco suspeitos de integrar grupo criminoso em Camaçari — Foto: Ascom-PC

Operação prendeu cinco suspeitos de integrar grupo criminoso em Camaçari — Foto: Ascom-PC

Relembre o caso

ataque a tiros ocorreu no dia 7 de outubro, no Emissário de Arembepe, destino turístico de Camaçari. Quatro pessoas foram baleadas e dessas, duas morreram: os irmãos Gustavo e Daniel Natividade, que tinham 15 e 21 anos, respectivamente. Os dois eram percussionistas do bloco afro Malê Debalê.

De acordo com a Polícia Militar, o adolescente foi encontrado morto dentro de uma barraca. Já o mais velho teve o óbito constatado depois, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Arembepe.

As duas pessoas que ficaram feridas foram uma adolescente de 17 anos e um jovem de 24, que não tiveram lesões graves.

As quatro vítimas eram no bairro de Itapuã, em Salvador, e estavam na localidade a passeio, em uma excursão que contou com 150 pessoas, divididas em três ônibus.

Os familiares dos irmãos contaram que Gustavo não queria ir para a viagem e chegou a pedir o dinheiro de volta. Como não seria ressarcido, resolveu acompanhar o irmão, para que ele não fosse sozinho.

Crime aconteceu no Emissário de Arembepe — Foto: Divulgação/Prefeitura de Arembepe

Crime aconteceu no Emissário de Arembepe — Foto: Divulgação/Prefeitura de Arembepe

Além de tocar instrumentos no Malê Debalê, eles ajudavam trabalhavam com a avó vendendo acarajé na praia de Itapuã. A idosa, que preferiu não revelar a identidade, contou que o ataque aconteceu após eles tirarem uma foto supostamente fazendo sinais com as mãos, que podem ter sido confundidos com gestos de facções.

Um amigo dos irmãos, que também estava no passeio, foi atingido por um tiro de raspão no pé direito. Ele contou que estava distante de Gustavo e Daniel no momento do ataque, mas foi atingido quando se assustou e correu para fugir dos tiros.

“Foi uma coisa rápida, os caras chegaram em uma moto e um carro, já atirando”, afirmou o jovem, que preferiu não revelar a identidade.

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Irmãos percussionistas do Malê Debalê morrem após ataque a tiros

Por meio de nota, a Fundação Gregório de Mattos e o Polo Criativo Boca de Brasa lamentaram as mortes de Daniel e Gustavo.

Na época do ocorrido, o presidente do Malê Debalê, Cláudio Araújo, disse que os jovens foram confundidos com outras pessoas, porque eles não tinham envolvimento com a criminalidade, e que dividiam a rotina entre tocar no bloco afro e vender acarajés com a avó.

"Quando não estavam lá [no tabuleiro dos quitutes], estavam aqui apertando instrumentos, arrumando a sede e fazendo apresentações. Ninguém venha me dizer que eles estavam envolvidos com crime, não admito. Acho que foi um erro grotesco, porque isso não era para esses jovens”, afirmou Cláudio Araújo.

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Amigos e familiares se despedem de jovens mortos no Litoral Norte da Bahia

sepultamento dos irmãos foi marcado sob forte comoção, dois dias após o assassinato. Familiares, amigos e músicos se reuniram para se despedir de Gustavo e Daniel, no Cemitério Municipal de Itapuã. Os participantes cantaram e tocaram homenagem aos jovens percussionistas.

Vestidos com roupas brancas, ele aproveitaram o momento para pedir paz e cobrar solução para o caso. Dois dias depois, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia informou que os suspeitos do crime já tinham sido identificados.







Fonte: g1