Corporação cumpre 17 mandados de prisão e 60 de busca e apreensão em 15 cidades dos estados de São Paulo e Minas Gerais.




A Polícia Federal (PF) de Campinas (SP) realiza, na manhã desta quarta-feira (28), uma operação contra uma quadrilha que movimentou R$ 7,5 bilhões em crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro. De acordo com a investigação, o grupo criou dois bancos digitais não autorizados pelo Banco Central (Bacen) para a prática das fraudes financeiras.

No total, são cumpridos dez mandados de prisão preventiva, sete de prisão temporária e 60 de busca e apreensão, todos expedidos pela 9ª Vara Federal de Campinas. Os alvos estão espalhados em 15 cidades nos estados de São Paulo e Minas Gerais. A corporação também solicitou o bloqueio de R$ 850 milhões em contas associadas à organização criminosa. Veja os municípios:

Além das prisões, apreensões e do bloqueio do dinheiro, a Justiça também autorizou a suspensão das atividades de 194 empresas pela quadrilha para disfarçar as transações irregulares, e também cancelou duas inscrições da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), uma em Campinas e uma em Sorocaba, e quatro registros de contadores (dois em Campinas, um em São Paulo e um em Osasco.

O material apreendido, como malotes de dinheiro, foi encaminhado à sede da Polícia Federal de Campinas. No total, 200 policiais federais foram envolvidos na operação. Entre os alvos de busca e apreensão, estão as sedes dos bancos digitais irregulares e instituições administradoras de cartão de crédito. A Receita Federal aplicou sanções fiscais às pessoas jurídicas investigadas.

O esquema

Segundo a Polícia Federal, os bancos digitais, chamados de "fintechs", eram hospedados em instituições financeiras de grande porte" e ofereciam, na internet, contas clandestinas que permitiam transações dentro do sistema bancário oficial.

As transações eram usadas por facções criminosas, além de empresas com dívidas trabalhistas e tributárias. A movimentação de R$ 7,5 bilhões permitia, de acordo com a PF, um "padrão de vida luxuoso aos envolvidos".

Ainda de acordo com a corporação, as contas eram anunciadas como "garantidas" porque eram "invisíveis" ao sistema financeiro e blindadas contra ordens de bloqueio, penhora e rastreamento, "funcionando por meio de contas bolsões, sem conexão entre remetentes e destinatários e sem ligação entre correntistas e bancos de hospedagem".

Durante a investigação, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) denunciou as irregularidades ao Ministério Público Federal (MPF). Além das "contas bolsões", o grupo também usava máquinas de cartão de crédito em nome de empresas de fachada, o que caracterizava a lavagem de dinheiro

A PF informou que identificou, na apuração, todos os envolvidos de alguma forma nas fraudes financeiras, seja no apoio logístico, financeiro ou operacional.

'Concierge'

Os investigados vão responder por gestão fraudulenta de instituições financeiras, operação de instituição financeira não autorizada, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, crimes contra a ordem tributária e organização criminosa.

O nome da operação, "Concierge", é uma palavra francesa que denomina o profissional que atende necessidades específicas de clientes e faz alusão à oferta de serviços clandestinos para ocultação de capitais.

Polícia Federal faz operação contra fraudes financeiras de R$ 7,5 bilhões — Foto: Johnny Inselsperger/EPTV

Polícia Federal faz operação contra fraudes financeiras de R$ 7,5 bilhões — Foto: Johnny Inselsperger/EPTV






Fonte: g1