Com milhares de seguidores nas redes sociais, cada um usa a internet para esbanjar uma vida de alto padrão. Carros caros, viagens e artigos de luxo são alguns dos conteúdos compartilhados por eles (leia mais abaixo).

O g1 tenta contato com a defesa dos investigados. Até a última atualização desta reportagem, nenhum deles se manifestou publicamente.

No Instagram, Nélio Dgrazi costuma postar vídeos de manobras feitas com veículos de luxo e divulga sorteios de carros e caminhões para mais de 1,3 milhão de seguidores. Ele ainda aparece dirigindo os automóveis por vários lugares do país.

O influenciador também ostentava um celular banhado a ouro. Segundo a polícia, o aparelho é avaliado em cerca de R$ 42 mil (veja vídeo abaixo).

Trata-se de um iPhone 12 Pro Max, com a assinatura da Rolex, marca de relógios de luxo. Além do smartphone, foram apreendidos o passaporte dele, carros de alto padrão, um computador, uma máquina de contar cédulas, cartões e documentos durante a operação.

Com mais de 480 mil seguidores nas redes sociais, Matheus Sales acumula várias postagens sobre rifas de carros de luxo, motocicletas e caminhões. A descrição do perfil dele destaca a frase "nunca foi sorte, sempre foi Deus".

Uma das postagens mostra o suposto recebimento de um automóvel por uma família de Rio Branco do Sul. Conforme as investigações, alguns veículos até chegaram a ser entregues, mas outros ficavam com os próprios influenciadores.

"Alguns veículos eles realmente entregavam, realmente entregaram, mas outros não, faziam rodízio entre eles. Então digamos uma BMW era daqui de BH, passava por uma rifa aqui, o ganhador na maioria das vezes era um outro influencer de outro estado que pegava esse mesmo veiculo e fazia outra rifa lá, em outro estado. E assim era o modos operandi deles", disse Cézar Giovane Ferreira da Silva, agente de Polícia Judicial.

Rifas ilegais

A operação, deflagrada pela Polícia Civil do Paraná, visou Dgrazi e o influenciador Matheus Sales. Os dois são investigados por promoção ilegal de rifas, lavagem de dinheiro, associação criminosa e crime contra a economia popular.

“Acontece que nos sorteios regulares, baseados na loteria federal, são utilizadas somente 5 dezenas, em composições que variam de 01 a 100.000. Há fortes indícios de que tais sorteios sejam fraudados para que os valores nunca saiam de dentro do grupo criminoso”, explicou o delegado Gabriel Fontana, da PCPR.

Outros cinco mandados de busca e apreensão foram cumpridos nos municípios de Rio Branco do Sul (PR), Itapema (SC) e Balneário Camboriú (SC). Em Belo Horizonte, a PCMG participou da ação.

A Justiça também autorizou o bloqueio de aproximadamente R$ 25 milhões na conta dos investigados e o sequestro de sete veículos de luxo em nome deles.

O Ministério da Fazenda afirma que a promoção de rifas só é permitida no Brasil para entidades beneficentes, desde que autorizada e regulamentada pela Secretaria de Prêmios e Apostas.

Fonte: g1