Moeda encostou nos R$ 5,68 nesta terça e vem em sequência de altas após declarações de Lula e agitação na política dos EUA. IOF para cidadão comum é de 6,38% sobre o câmbio.


O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, negou nesta terça-feira (2) a possibilidade de reduzir o Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) sobre câmbio para conter a alta do dólar.

A moeda norte-americana voltou a operar em alta nesta terça e já encosta nos R$ 5,68, com investidores ainda repercutindo as mais recentes críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Banco Central do Brasil (BC), em especial as dirigidas à presidência da instituição.

Às 11h30, o dólar subia 0,45%, cotado a R$ 5,6784. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,6869.Veja mais cotações.

"Aqui na Fazenda, nós estamos trabalhando uma agenda eminentemente fiscal [relacionada com as contas públicas] com o presidente [Lula] para apresentar para ele propostas para cumprimento do arcabouço em 2024, 2025 e 2026", declarou Haddad ao ser questionado sobre possível mudança no IOF.

Atualmente, a alíquota do IOF sobre câmbio é de 6,38%. Para aquisição de moeda estrangeira em espécie, a taxação é menor, de 1,1%, e deve ser zerada em 2028.

Em entrevista à Rádio Sociedade, em Salvador (BA), Lula disse que há um "jogo de interesse especulativo" contra o real e que a reação de alta da moeda americana após as críticas feitas por ele ao Banco Central e ao seu presidente, Roberto Campos Neto, "não têm explicação".

Apesar disso, Lula disse que o governo estuda medidas para enfrentar a alta do dólar.

"É um absurdo. Obviamente que me preocupa essa subida do dólar. Há uma especulação. Há um jogo de interesse especulativo contra o real nesse país. Eu venho conversado com as pessoas o que a gente vai fazer. Estou voltando quarta-feira [3 de julho], vou ter uma reunião. Não é normal o que está acontecendo", argumentou Lula.

Em 2011, o Ministério da Fazenda já usou o IOF para agir em sentido contrário – ou seja, tentar frear a queda do dólar.

A pasta, à época comandada por Guido Mantega no primeiro governo Dilma Rousseff, criou um IOF sobre derivativos cambiais (contratos no mercado futuro). Mantega disse, naquele momento, que a taxação seria um "pedágio" contra a especulação.

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Lula diz que avalia medidas para conter alta do dólar

Melhora na 'comunicação'

Além de trabalhar no ajuste das contas públicas, o ministro Haddad afirmou que a equipe econômica também pode melhorar a comunicação tanto sobre a autonomia do Banco Central (técnica para definir o nível da taxa de juros e conter a inflação) e, também, sobre o arcabouço fiscal (medidas necessárias para equilibrar as contas públicas).

"Eu acredito que o melhor a fazer é acertar a comunicação, tanto em relação à autonomia do Banco Central, como o presidente [Lula] fez hoje de manhã, quanto em relação ao arcabouço fiscal. Não vejo nada fora disso. Autonomia do Banco Central e rigidez do arcabouço fiscal. É isso que vai tranquilizar as pessoas. É mais em comunicação do que de outra coisa", acrescentou.

Haddad confirmou que terá uma reunião nesta quarta-feira com o presidente Lula para tentar avançar em propostas para o equilíbrio das contas públicas.

"E ele [Lula] está preocupado hoje mesmo. Ele elogiou o arcabouço fiscal, elogiou a autonomia do BC e é nessa linha que nós vamos despachar com ele amanhã. Esses rumores, sinceramente, eu penso que é de gente interessada. Eu não sei de onde saem essas questões. Não é normal. Quando me perguntam eu respondo aquilo que nós estamos trabalhando. Nós estamos trabalhando na agenda fiscal", concluiu Haddad.

Fonte: G1